Preguiiiçaaa!

Caramba!

O blog está às moscas!

Também pudera: dá um desânimo escrever…

Ideias para escrever tem aos montes; mas o cérebro vem se acostumando com a baixa atividade, e fica muito penoso começar alguma coisa.

Ainda quis registrar um comentário em um blog que eu costumo ler: 48 horas depois de ler o post, eu tive a ideia perfeita (do meu ponto de vista) para comentar um comentário impertinente. Mas faltou iniciativa, e a oportunidade se esvaiu.

O caso foi o seguinte: uma jornalista, que se deu o título de socialista morena, publicou um post falando das transformações que nosso organismo sofre gradativa e inexoravelmente a partir dos quarenta, essas coisas.

Os comentários, como esperado, foram de reconhecimento, pois esta sensação de “desidratação” acomete a todos, mais dia menos dia.

No entanto, um desavisado vai lá e tasca um “você pode apresentar um exemplo de país socialista onde o povo tem qualidade de vida?”, ou algo assim. A isso, a blogueira redarguiu: “só vou manter o seu comentário para que os demais leitores vejam o nível”, e o blogrol prosseguiu.

Pois é, como eu disse, quarenta e oito horas depois eu pensei no texto certo para espicaçar o comentarista inoportuno. Iria trazer uma das várias ‘fábulas’ do Camonge (Camões), tão decantadas no sertão do Nordeste na minha infância.

Ia comentar que, segundo a tradição oral, Camonge fora interpelado pelo Rei (um tipo chato, que tinha como objetivo de vida colher seu súdito em contradição — e talvez justiçá-lo por isso), para que respondesse qual a forma que o ovo era mais gostoso.

A resposta: “cozido, Majestade!”

Nada mais lhe fora perguntado. E cada um seguiu seu rumo.

Passado mais de um ano, se encontram novamente (provavelmente, em decorrência de uma visita dos súditos ao monarca).

No decorrer da audiência, ouve-se um alarido de cães: a matilha real estava agitada, e o rei mandou que Camonge fosse ver com o que os cães estavam excitados.

Ordem dada, ordem cumprida. Na volta, a pergunta: “com o quê, Camonge?”

E a resposta, altaneira: “com sal, Vossa Majestade!”

Pois é, na minha ótica, o comentarista perdera o compasso, e só se justificaria arguir sobre qualidade de vida no socialismo em um texto que falava da degradação das potencialidades físicas se o objetivo fosse o mesmo do monarca invejoso da retórica do ‘caolho’.

Entretanto, perdi a oportunidade. Paciência.

Modorra

Ele ficava ali (Ali?).

O dia inteiro.

Naquela imobilidade.

Tanta coisa para fazer.

O trabalho…

Os cuidados pessoais…

A própria higiene pessoal!

Os projetos.

Os sonhos.

Mas não tinha energia para sair do marasmo, do transe.

— Transe?

Talvez.

Era uma inamovibilidade maior do que a vontade de agir.

Do que a necessidade.

Planejava (!): “Vou dar um basta! Me mexer, realizar, fazer alguma coisa. Tanta coisa pra fazer!”

— Sim! Afinal de contas, é isso que conta. Fazer alguma coisa, qualquer coisa, ter a certeza de que algo foi feito, o que quer que tenha sido, é o que dá satisfação. A endorfina. Ou será a adrenalina?

Então…

Surge a hora planejada. O momento decisivo. A hora certa. Aquele instante. Aquele suspiro, que distingue o antes do depois, do agora mesmo. O piscar de olhos!

— Ihh…

A mofina é maior do que a vontade…

Que lástima!

Em quem você vai votar para Prefeito?

Publicado em 18 de agosto de 2012 por Jackson, antes de o blog ter sido crackeado

Desde que escutei argumentos estabelecendo a inutilidade do ato de votar branco, eu concordei com a tese.

Com efeito, abster-se não resulta em nenhum ganho prático.

Primeiro, porque as abstenções não incomodam aos atores das campanhas eleitorais. Desconheço que algum cargo eletivo tenha permanecido vago por conta dos votos brancos (ou nulos).

Segundo, porque não votar em ninguém favorece a que se elejam os candidatos sem projetos. Sim, porque estes dispõem de dinheiro para… ah, sei lá… entende?

Já ouvi de uma irmã que não tinha opção que não fosse votar em branco (em um dos pleitos passados). Eu discordei da declaração, mesmo desanimado com as opções que o “mercado” (infelizmente, literalmente isso) nos dispunha.

Hoje, entretanto, em penso que estou quase abjurando o argumento pela inutilidade da abstenção — ao menos, no que concerne ao cargo majoritário.

Puxa vida! Quanto desânimo!

Sussurros do alpendre

Publicado em 22 de agosto de 2012 por Zeneide, antes de o bolg haver sido crackeado

 

“Não quero me envergonhar amanhã
daquilo que escrever hoje” André Guide

Começando a conversa

Estou esperando Caroline sair da aula. Sou mãe e espero a minha filha. Há pouco, lá na escola, comemoramos o Dia das Mães.

Vou fazer um livro! As árvores aqui da UFT são inspiradoras. Sentada no cupim abandonado acendeu-se a luz de Einstein. Ops! Pra que mentir a essa altura da vida? A lâmpada é invenção de Edison… e não quero nem saber quem descobriu a América, quero mais é que a cubram novamente.

Pois bem! Vou fazer Meu livro. Ganhei um caderno tudo de bom, sem linhas e de papel reciclado. Capa lindinha com pintura de um menino lendo um livro usando um método maravilhoso: livro aberto ao meio e colocado sobre a cabeça e um sorriso de já sei tudo. Essa ideia ainda vai revolucionar o mundo das leituras.

Zi fez direito, Áurea faz direito, Jackson fez direito e eu faço o quê? Sou fiel cumpridora das leis. Recordo-me daquela que foi inventada para aumentar os livros e as árvores do mundo: Toda a gente deve plantar uma árvore e escrever um livro. Plantei árvores – goiabeira, cajueiro, tamarindeiro, mangueira, áurea caroline… e como meu pés já estão mais pra perto da cidade sem volta… vou cumprir minha outra obrigação.

A bem da verdade vou pedir licença pra contar causos ouvidos na infância. Fui infante! ‘Deus nos concedeu a memória, mas também o esquecimento.’ Quero dar vida a algumas lembranças. Tirar a poeira do esquecimento. Pretendo ficar atenta ao ensinamento de Roland Barths: Sobretudo, não procure ser exaustivo.

Quero escrever algo leve, sem o ranço das coisas mal-resolvidas, de lembranças zangadas e maledicentes. Que essas mal-traçadas-linhas falem duma impressão otimista sobre os homens.

Bom já acertara comigo mesma que iria escrever o livro, faltava o mais difícil. O título da minha obra. Fiquei um pouco apreensiva. As memórias iriam se tornar uma obra? Tomara que não. Lá de onde venho obra não é coisa bonita. Lembro disso com nitidez: tem uma obra no meio do caminho lá da vazante, o menino tá todo obrado, fizeram uma obra no quintal.

O palco das histórias era o alpendre da casa de Madrinha e Padrinho. Principalmente lá. Tantas histórias, falsetas, causos, ranzices, na debulha de feijões ou nas noites de luar. O lugar está habitado de memórias, no frechal das vigas, nos bancos rústicos de madeira, no vão das janelas, penduradas nas telhas, atrás dos armadores… Nas noites silenciosas e sem luar é possível, ainda, ouvir vozes antigas que desejam ser ouvidas e ter suas histórias relembradas. São sussurros do velho alpendre.

Dúvidas

Publicado em 6 de agosto de 2012 por Jackson (antes de o blog ter sido crackeado)

Li, anos atrás, que o grosso de nossos representantes (deputados e senadores) têm formação jurídica. Simplificando grosseiramente: são advogados.

Em que isso importa? A matéria que li argumentava que o problema de nossas leis não decorre necessariamente do desconhecimento do fundo legal-moral-ético, uma vez que os juristas estariam bem representados  nos nossos parlamentos.

O problema seria de outra configuração. Talvez interessasse aos nossos representantes a sensação de estranheza e o caos.

A esse respeito, já ouvi — para meu desgosto, mais de uma vez — a expressão “criar dificuldades para vender facilidades”.

Então  assim, nossos parlamentares seriam beneficiários dessa babilonia que é nossa legislação, nosso arcabouço legal, nosso sistema judicial. E posam de “facilitadores” do processo para o povo.


Mas por que todo esse discurso?

Porque me parece que não é só nos parlamentos que a formação jurídica não representa a garantia da aplicação mais racional, lógica e humana das disposições legais.

Sim, juristas são humanos. E podem ser egoístas. Vaidosos. Soberbos.

Ah. Mas já chega (por enquanto).