A campanha do Tribunal Superior Eleitoral, em prol do voto consciente, é bem interessante. Destaca bem a importância de sermos criteriosos com o nosso voto, e analisarmos bem em quem vamos votar.
Os diversos vídeos apresentam cidadãos em posição crítica e franco protagonismo.
É tudo muito bonito, mas…
Spots na TV e no rádio são suficientes para educarem os cidadãos para o voto consciente?
O exercício da cidadania se completa na simples entrega do voto?
Votamos, elegemos representantes que decidirão em nosso nome o que o Estado fará em prol de nossas necessidades, e a democracia e a política se satisfazem nessa liturgia?
Ou será que o voto se caracteriza como um dos componentes da cidadania, como as manifestações, reivindicações, reclamações, cobranças, demandas, protestos, campanhas, mutirões e que tais?
Não seria o caso de o voto ser o coroamento do processo de participação política e cidadã, e o início de novo processo, agora buscando o cidadão-eleitor se inteirar das ações do seu representante, reclamando de seus desmandos e de sua inércia, cobrando transparência de seus atos?
Será que o Tribunal Superior Eleitoral não estará preso na teia da burocracia, discursando em prol do voto consciente mas divorciado do protagonismo de que poderia ser capaz?
Será que a Justiça Eleitoral se traduz simplesmente no depósito do voto na urna? Se sim, estamos mal, pois há pelo menos um século a urna já não é urna — depois de saco passou a unidade de disco.
Já que todas as instituições insistem em posar de protagonistas, por que não fazer mais do que o simples teatro? Por que não exortar os cidadãos a uma participação mais efetiva do que o simples votar?
Que tal sugerir a fiscalização dos eleitos? O controle da atividade parlamentar e administrativa? O conhecimento do processo legislativo?
A propósito, por que será que não causa nenhum constrangimento o fato de certos expedientes dos nossos parlamentos serem deliberados em votação secreta?
Em que nos interessa termos representantes políticos “tímidos”? Se é assim, melhor seria que nós mesmos pudéssemos deliberar sobre os assuntos de nosso interesse.